A campanha do governo para combate
à epidemia de dengue, chikungunya e zika tem como alvo o mosquito transmissor
da doença. Com estardalhaço, até o exército foi convocado porque o mosquito
“não pode ser maior que o país”.
O problema é que, nesse caso,
tamanho não é documento. Há mais de quinze anos, o Brasil vem combatendo o
mosquito Aedes aegypti, transmissor
do vírus da dengue. E continuamos a conviver com o fantasma da dengue nos
rondando em todo verão.
O mesmo mosquito transmite
outros vírus, como o zika, associado a casos de microcefalia e à síndrome de
Guillain-Barré. A partir dessa
descoberta inédita, criou-se comoção mundial, e a fúria contra o mosquito
tornou-se exacerbada.
A própria presidente,
literalmente, vestiu a camisa da campanha e saiu às ruas à caça do mosquito e de
seus focos de criação.
Acontece que esse tipo de
campanha pode até ser necessária, mas nunca será suficiente. Fosse assim,
nestes mais de quinze anos teríamos tido avanços no controle dessa típica epidemia
brasileira.
Se, por um lado, a quebra de
braço contra o mosquito me parece luta perdida, por outro, medidas mais ousadas
têm sido agora estimuladas: a busca por uma vacina, ou a interferência genética
no próprio mosquito, restringindo sua reprodução. Pesquisas com esses objetios poderão
ser capazes de vencer a guerra contra o mosquito, ou mesmo contra os vírus que
ele carrega.
Esta epidemia de zika trouxe, como
grande benefício, o investimento em pesquisas. Até então, estávamos condenados a
campanhas publicitárias contra o mosquito da dengue, sem muito sucesso. Agora
não — verbas são corretamente investidas em busca de soluções mais inteligentes
e eficazes.
É verdade que ainda restam
dúvidas quanto à associação do vírus zika com doenças neurológicas. Mas
debruçar sobre a dúvida é a verdadeira vocação da ciência.
E não duvido que saia daqui do
Brasil a melhor maneira de controlar essa epidemia. Isso porque o Brasil tem
excelente time de cientistas e instituições dedicadas ao estudo de doenças
tropicais. Mas só agora foram escalados os recursos necessários para o avanço
nas pesquisas.
Revisão e formatação:
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Posted by
Jair Raso
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