Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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A doença da celebridade e do cidadão comum


Hoje, em algum pronto atendimento do país, uma senhora de 65 anos está sendo atendida por um neurocirurgião. Ela teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico por ruptura de um aneurisma cerebral. Trata-se de uma doença grave, e o neurocirurgião sabe de antemão que, apesar de todos os tratamentos instituídos da melhor forma possível, a possibilidade dessa paciente morrer ou ficar com sequelas é grande.
Apesar da gravidade, não é um evento excepcional. Todo o empenho do neurocirurgião se concentra no tratamento do aneurisma e na prevenção de complicações próprias desse tipo de hemorragia. Exige cuidados intensivos por tempo prolongado, que pode se estender por duas ou três semanas, se não mais. 
A mesma doença em uma celebridade não terá evolução diferente daquela do cidadão comum. Entretanto, todos os envolvidos no tratamento se veem expostos ao furor da mídia, ávida por notícias. Nesse turbulento ambiente, uma preocupação a mais passa a fazer parte do trabalho médico: a preservação da privacidade do paciente e de seus familiares.
Marisa Letícia, falecida esposa de Lula, foi vítima de AVC e da exposição indevida de seus exames nas redes sociais.
O tratamento do AVC não é trabalho de uma pessoa, mas de uma equipe multidisciplinar: emergencistas, intensivistas, neurorradiologistas, neurocirurgiões, clínicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos. Exige do hospital uma sofisticada infraestrutura, além de um corpo clínico treinado no tratamento e reabilitação do paciente.  Além da capacitação técnica, todos os envolvidos no tratamento de qualquer paciente sabem e praticam o sigilo profissional.
Nos tempos atuais, as pessoas estão acometidas de uma doença peculiar, a que chamei em outra crônica de Jornalite: a imperiosa compulsão de divulgar pelos canais sociais tudo o que parece notícia. Isso inclui fotos de pacientes, de seus exames e de opiniões sobre todo e qualquer assunto, de qualquer área de conhecimento.
Em um passado não muito distante, as celebridades sofriam com a invasão e inconveniência dos paparazzi. Hoje, qualquer um de nós está exposto ao furor das pessoas munidas de celular e de uma incontrolável necessidade de registrar e divulgar fotos e filmes nas redes sociais.  
Pelo menos no ambiente médico essa praga deve ser combatida. Qualquer pessoa, celebridade ou não, tem o direito à privacidade, que faz bem à saúde.
No caso de celebridades, entretanto, é necessária a divulgação de boletins médicos, redigidos com o cuidado de bem informar. Ávidas de informações, as pessoas devem obtê-las de fonte segura, evitando-se assim os costumeiros boatos e deturpações das notícias.
Outro bom serviço que a imprensa pode prestar nessas ocasiões é o esclarecimento sobre a doença em foco. No caso de Dona Marisa, por exemplo, foi uma boa oportunidade para educar as pessoas sobre o AVC: seus tipos, suas causas, a importância do diagnóstico e tratamento precoces e, sobretudo, a prevenção.  
Uma boa prática seria essa: trocar a invasão de privacidade e o sensacionalismo pela difusão de conhecimento. 

Assim, a pauta dos jornais voltaria a ser educativa, em vez de se debruçar, como de costume, nas atrocidades e barbaridades do mundo afora. 




Revisão e formatação:
Ophicina de Arte & Prosa


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Posted by Jair Raso 0 comentários »