Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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A medicina adverte: o desgoverno faz mal à saúde

Medicina não é uma ciência exata.E pesquisas médicas não dão respostas para tudo. 
O exercício da medicina hoje se faz baseado em evidências. O saber médico é medido em graus. Grau A, nível 1 de evidência, o topo da pirâmide, é conhecimento que passou pelo crivo de ensaios bem desenhados, sem muitos vieses. Na falta de evidência inequívoca, clinicamos baseados na melhor evidência disponível.  
Para todo medicamento prescrito ou procedimento proposto, seguimos a mesma linha de raciocínio: há evidências que justifiquem o risco do ato médico?
Sim, porque também é verdade inconteste que cada ato médico envolve risco para o paciente.
Quando o capitão que hoje ocupa a Presidência insiste em querer prescrever cloroquina por decreto, certamente não o faz baseado em evidência médica. Defende a ideia de que tanto quanto salvar vidas é imperativo salvar a combalida economia.
Há uma crença generalizada que a medicina conhece pouco sobre o corona vírus.  Não é verdade. Sabem-se muitas coisas. Dentre elas, que não há tratamento universalmente eficaz e isento de riscos. E não temos vacina, por enquanto.
Sabe-se também que o isolamento social, remédio amargo e pouco natural, é comprovadamente eficaz para reduzir a mortalidade e preservar os sistemas de saúde. Apesar de provocar danos enormes à economia, a pandemia, sem essa medida, é ainda mais danosa. 
E não precisamos ir longe para aprender essa lição. Basta comparar os efeitos da pandemia em estados brasileiros que seguiram as recomendações de isolamento social, sem interferir em protocolos de tratamento da infecção por corona vírus, àqueles que foram em outra direção. Minas Gerais e Rio Grande do Sul são dois bons exemplos.
Talvez o capitão/presidente pense que o uso da cloroquina torna desnecessário o isolamento social.   Em seu agito no intuito de salvar vidas e a economia, corre o risco de não salvar nem umas, nem outra. Assim, inaugura uma alternativa à medicina baseada em evidência: a medicina baseada na inconsequência.
Há muitos médicos que endossam o ato do presidente. Estão convictos de que, diante da pandemia, a falta de evidência não deve ser entrave para o uso da cloroquina. Guimarães Rosa já nos lembrava que “querer o bem, de incerto jeito, com demais força, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar”.
Dada em larga escala, a cloroquina pode provocar o efeito contrário ao esperado. Ao somarem-se os conhecidos possíveis efeitos colaterais da droga à   infecção por corona vírus, que na maioria dos casos é branda, pode-se aumentar a mortalidade.  
Todo esse agito em torno da cloroquina já derrubou dois ministros, que optaram por praticar a melhor evidência médica no assunto.
Agindo assim, o governo não foca no combate à pandemia e desorganiza reiteradamente o ministério da saúde, que deveria ser o protagonista deste drama.  O desgoverno quer roubar a cena.
Ao colocar-se fora do comando da situação, cria espaço político para outros governadores e prefeitos, que preferem seguir as recomendações da ciência médica, representada pela Organização Mundial de Saúde.
As crises políticas, quase diárias, somadas aos efeitos da pandemia, de nada servem aos brasileiros.
Ao tentar interferir por decreto no exercício da medicina, o capitão presidente talvez queira dar a impressão de estar fazendo alguma coisa contra a doença. Em seu agito, pode estar fazendo contra o doente.



revisão:
Rachel Kopit 
Ophicina de Arte & Prosa


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Tempo da Fé





Um dos efeitos da pandemia é o de mobilizar nas pessoas a necessidade de convocar, renovar e confirmar suas crenças.
A fé é o grande pilar da esperança, que facilita o enfrentamento de momentos difíceis como esse.
As diversas religiões oferecem o caminho para o exercício da fé. O isolamento social convida para uma conversa íntima de cada um consigo mesmo. E para os que creem, essa conversa pode ser compartilhada por meio de orações.
Eu tenho fé na ciência e mais ainda nesta jovem ciência que se chama Medicina. É nela que deposito a esperança de que, em breve, tratamentos comprovadamente eficazes e vacinas serão somados ao arsenal de combate às doenças, incluindo a Covid-19.
E da mesma forma que oram aqueles que creem, dirijo à ciência médica minha oração, o meu Credo:
            Creio nos ensaios clínicos randomizados
            E na medicina baseada em evidência
            Que foi concebida pelo poder das grandes amostras
            Nasceu da arte de cuidar, padeceu sob crenças e superstições.
            Desceu à mansão da ignorância e ressuscitou como ciência.
            Subiu ao saber, onde está sentada à direita da tecnologia todo-poderosa,
            Donde há de vir para prevenir doenças e tratar os enfermos.
            Creio no espírito científico,
            No poder das metanálises,
            Na comunhão do saber,
            Na remissão dos sintomas,
            Na prevenção dos males,
            Na qualidade de vida.
            Amém.




revisão:
Rachel Kopit 
Ophicina de Arte & Prosa

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