Falar em asfixia em plena floresta amazônica pode parecer profecia de apocalipse, última estação da humanidade e sua desvairada agressão ao meio ambiente.
Mas não. É assunto de hoje
mesmo. Em Manaus, devido ao colapso do sistema de saúde, provocado pela
pandemia, pacientes estão morrendo por falta de oxigênio. Oxigênio medicinal, é
bom esclarecer.
Em meio à controvérsia sobre
como tratar a infecção por coronavirus, uma coisa é indisputável: todos os
pacientes graves necessitam de aporte de oxigênio, seja por catéter ou máscara
nasal, seja por intubação endotraqueal.
Por um somatório macabro de
descaso com o isolamento social, retorno precoce das aulas, relaxamento das
medidas higiênicas como o uso de máscara, falta de planejamento das autoridades
de saúde e políticos em geral, Manaus é hoje a capital do horror. Pessoas
morrem asfixiadas, sem chances de sobreviver à infecção pelo Covid-19.
Para piorar a situação, tão
logo recebeu pedido de socorro, o ministério da Saúde respondeu que enviaria
para Manaus kits de cloroquina e ivermectina.
Não precisaria nenhuma outra
atitude para escancarar a incompetência e descaso do ministério com a saúde dos
brasileiros. Cloroquina, ivermectina e outras panaceias podem aguardar a
insensatez humana. A falta de oxigênio mata em minutos.
Some-se a isso o fato de que,
em Manaus, o uso indiscriminado do coquetel dos desvairados não protegeu a
população. Pouco importa se tomaram cloroquina antes, no início, no meio ou ao fim
dos sintomas. O retrato da crueldade com a população está estampado nas
manchetes de todo e qualquer jornal. A falsa sensação de tratamento e prevenção
levou o sistema de saúde ao colapso, que poderia ter sido evitado.
O que Manaus precisa é de uma
mobilização nacional, coordenada pelo governo, para que não falte oxigênio ou
respiradores. Há estados em que a pandemia está arrefecida, como Rio Grande do
Sul. E toda a ajuda, como aquela vinda da Venezuela, é bem-vinda.
Com o início da vacinação,
Manaus deveria receber prioridade máxima. O Ministério da Saúde preferiu não
reinventar a roda. Usou a mesma logística da vacinação prévia, distribuindo
vacinas para todo o Brasil.
Não há, como se pode perceber,
uma força tarefa inteligente para combater a pandemia em nosso país.
Só nos resta torcer para que
as vacinas cheguem logo. Temos um programa de vacinação eficaz e rápido e
podemos dar os primeiros passos para virarmos esta página triste de nossa
história. E voltarmos a respirar livremente.