Pacto pela não violência
Em outubro de 2022 manifestei minha
intenção de voto convocando a neurociência para justifica-la.
O cerne da minha escolha se devia ao
fato de que o governo Jair Bolsonaro pregava e praticava constantemente a
violência.
Na ocasião escrevi sobre a violência: “Ela é fruto da agressividade que
está presente em todos animais e é essencial para a sobrevivência. A natureza
não descarta nada. Temos em nosso cérebro os mesmos mecanismos de agressividade
de outros animais. No ser humano a agressividade é expressa
por violência, seja física, verbal ou mesmo a violência
da indiferença, expressa pela falta de compaixão e empatia”.
Na evolução do nosso cérebro, áreas
mais recentes, notadamente o córtex pré-frontal, vão progressivamente sobrepujando
áreas mais antigas, num processo que nos permitiu criar a civilização. Essas
mesmas áreas respondem pelo pensamento crítico e suas conexões criam circuitos
que resultam em comportamentos e
atitudes essenciais para construir um espaço de convivência em harmonia com
nossos pares. Essa evolução cerebral aponta o caminho da sobrevivência da
humanidade: dominar a besta que existe dentro de cada um de nós.
Arrematei a crônica de outubro
informando que votaria em candidatos que “prezam e lutam pela liberdade,
tolerância, compaixão, respeito às instituições e, sobretudo, pela não
violência”.
Os acontecimentos desse histórico 8 de
janeiro confirmam que eu estava certo. Vestindo verde-amarelo e sob o pretexto
de protestar contra os resultados das eleições, bolsonaristas radicais tentaram
destruir os símbolos da democracia em Brasília. Não se trata de liberdade de
expressão, mas de violência pura e simples.
A reação está em curso. Há em
construção um pacto mundial pela democracia que foi visivelmente atacada. As
nações civilizadas já aprenderam que a democracia é o melhor modelo de governo
e a violência de ontem foi um inequívoca ataque a ela. O repúdio foi
imediato.
Proponho outro pacto, esse, no íntimo
de cada cidadão: um pacto pela não violência. Temos evidências de sobra para
apostar nessa escolha que, ao dominar o animal que nos habita, nos levará de
volta aos trilhos da construção da humanidade.