Uma vez me perguntaram se eu gostava de rock e eu,
açodadamente disse que não. Afinal, prefiro clássica e MPB.
Mas a morte de Rita Lee me mostrou que minha resposta sempre
foi equivocada. Adoro rock, pois sou fã
incondicional de Rita Lee.
Nunca havia feito a relação de que sendo fã da
Rita Lee, eu gostava de rock. Melhor ainda, de rock bem brasileiro.
Sempre gostei dela, não só pela irreverência e humor, mas
sobretudo pelas músicas.
Em sua música Saúde, composta com seu parceiro,
Roberto de Carvalho ela diz que “enquanto
estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de
gente feliz”.
Eu estou no meio desse monte de gente.
Ouvir Rita Lee, me deixa
feliz.
Em meu livro, Saúde, Vida Longa e Morte Súbita,
lançado em 2017, presto uma singela
homenagem a ela. Transcrevo:
Ritalina
No início de minha carreira atendia
crianças. Um dia estava atendendo um menino e, como acontece com quem atende
menino, a gente acaba mesmo atendendo à mãe. Ela já chegou com o diagnóstico, o
que é sempre terrível.
-Meu filho é hiperativo. Tem déficit de
atenção.
O diabo do menino, melhor dizendo, o
anjinho não parava quieto. Vai que a mãe está certa, pensei.
Pior ainda é que esta mãe chegou também
já prescrevendo o tratamento:
-Acho que ele precisa de Ritalina.
Depois de muito examinar a criança e
ouvir sobre suas travessuras, diagnostiquei que estávamos diante de um artista.
E sugeri uma prescrição diferente.
-Ao invés de Ritalina, que tal Rita Lee?
Arte cura artista. Arte irreverente cura
mais. Mas a irreverente prescrição não deve ter sido seguida. A mãe deve ter
procurado outro médico que concordasse com seu diagnóstico.