Vários estudos
apontam os benefícios da atividade
física regular para a saúde e o bem-estar. Estão muito bem documentados os
efeitos benéficos dos exercícios para o coração e também para a atividade
cognitiva. Estudos recentes até comprovam a relação de atividade física regular
com menor incidência de demência.
Mas, afinal, por que
a atividade física é benéfica? Os preguiçosos de plantão argumentam, em sua
defesa, que a tartaruga, por exemplo, não faz nada e vive duzentos anos. Por
que com o homem seria diferente?
Penso que as
respostas estão na reação do homem ao estresse.
Nosso sistema nervoso
está bem preparado para reagir em situações de estresse agudo. Imagine sua
reação se, por exemplo, durante um passeio no campo, você se deparasse com uma
cobra. Seu coração dispara, a pressão arterial sobe, a pupila de seus olhos se
dilata, bem como os brônquios, a pele fica fria. Sua reação é quase imediata.
Você pode olhar ao redor e ver se há algum pau para matar a cobra ou pode sair
em disparada para um local seguro. Seu
corpo está preparado para enfrentar o perigo ou fugir dele.
Esta reação em nosso
organismo se chama resposta simpática. Trata-se do sistema nervoso autônomo que
provoca alterações no coração, pulmões, olhos e no próprio cérebro e que nos
prepara justamente para lutar ou fugir.
Há outro sistema,
chamado parassimpático, que tem ações praticamente opostas àquelas do sistema
simpático, de modo a manter o corpo em constante equilíbrio.
O homem moderno é
mais urbano do que nunca. A probabilidade de nos defrontarmos com uma cobra em
uma região metropolitana é praticamente nula. Entretanto, outras causas de
estress são muito comuns: a luta pela
sobrevivência, o consumismo, o trânsito engarrafado, a competição no trabalho, a
violência e as contas a pagar, por exemplo, provocam, em nosso organismo, uma
situação crônica de estresse. Vale dizer que, guardadas as proporções, estamos
diariamente preparando nosso corpo para enfrentar essas diversas “cobras” urbanas.
Assim, nosso cérebro
está sendo constantemente bombardeado com informações de alerta e preparando
respostas a este estresse crônico. Os efeitos deletérios sobre o corpo podem
ser mensurados, como a hipertensão arterial.
Uma das formas de
resolver o estresse é a fuga, e é aí que a atividade física tem um papel
fundamental. Ao colocar o corpo em
movimento acelerado, sem que tenhamos percepção disso, estamos informando nosso
cérebro de que estamos fugindo do perigo que nos ameaça.
Ao findar o
exercício, o cérebro se convence de que o perigo passou, facilitando o
restabelecimento doo equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático.
O exercício nos
acalma, baixa nossa pressão e nos prepara para continuarmos a enfrentar o
estresse nosso de cada dia.
Paradoxalmente, o
homem moderno descobriu que a melhor forma de enfrentar o estresse é fugir
dele. O exercício físico é nossa rota de
fuga mais eficaz.
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Categories:
Crônica médica