Final
e início de ano é sempre tempo de balanço. Lendo as resenhas das principais
publicações da minha área, divisei um passado recente onde esticar bem os
lençóis era uma das principais recomendações no tratamento dos pacientes com
acidente vascular encefálico (derrame). Lembrei-me também da alta mortalidade
das cirurgias no sistema nervoso nos primórdios da especialidade, comparando-a
com o alto índice de sucesso que temos hoje em cirurgias de tumores e
aneurismas cerebrais.
A
Medicina avança e os benefícios para a população se traduzem em maior tempo e
qualidade de vida. A cada ano, a publicação de pesquisas nos faz vislumbrar um
futuro promissor, quando saberemos mais sobre as causas, consequências,
prevenção e tratamento das doenças mais prevalentes do presente. Mas o caminho
é longo, diria mesmo infinito.
Com
os estudos de 2013, já foram identificados 22 genes associados a tipos de
enxaqueca, doença que afeta grande número de pessoas em todo o mundo. A
descoberta desses genes é um extraordinário avanço, mas que representa apenas
cerca de 15% da grande variedade desta doença tão comum.
A
causa da enxaqueca ainda é desconhecida. Uma publicação de 2013 com estudo
angiográfico por ressonância de alta resolução não mostrou nenhuma alteração no
diâmetro das artérias ou do fluxo cerebral durante episódios de enxaqueca. Até
então, pensava-se que a causa das enxaquecas estava na variação de diâmetro das
artérias. Os cientistas ainda terão
muita dor de cabeça para resolver esse dilema.
Por
outro lado, procedimentos neurocirúrgicos de alta tecnologia têm se mostrado
como o melhor remédio para tratamento de alguns tipos de dores e doenças. A
estimulação cerebral profunda tem se confirmado como método superior a
medicamentos no tratamento da Doença de Parkinson. Um importante estudo
publicado na prestigiosa revista New
England Journal of Medicine demonstrou melhora na qualidade de vida dos
pacientes com Doença de Parkinson tratados precocemente com o procedimento
cirúrgico.
A
estimulação de outra área no crânio, o gânglio esfeno-palatino, é outra
promessa cirúrgica para tratar casos refratários de cefaleia em salvas.
Nem
sempre os estudos publicados mostram sucesso. A retirada de trombos de artérias
cerebrais por meio de cateteres ainda não se mostrou eficaz. O avanço
tecnológico nesta área é estupendo, e novos estudos deverão ser realizados
antes que essa novidade científica torne-se rotineira, desde que comprovados os benefícios.
Para
a doença de Alzheimer, 2013 não foi um ano de bons resultados. Estudos com
aplicação de altas doses de imunoglobulinas, inibidores de enzimas e drogas
como a memantina não se mostraram eficazes no tratamento das demências.
A
cada ano, o corpo de conhecimentos nas neurociências interfere na maneira como
tratamos nossos pacientes hoje. E nos dá a sensação de que o aprendizado no
início de nossa formação parece coisa de um passado longínquo e que o futuro
está bem ali na esquina.
Revisão
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Posted by
Jair Raso
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