Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

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Caminho do Sucesso Acadêmico – Parte II: Neotenia e a inteligência construída X artificial

 


palavra Neotenia vem do grego neo (novo, novidade) e teinein, que significa estender, prolongar. O termo vem da biologia e se refere a organismos adultos que mantém traços infantis. O exemplo clássico de neotenia é o Axolotle, a salamandra mexicana, que mantem na idade adulta características larvais, como as brânquias externas, que lhe conferem um aspecto juvenil.

Na antropologia, o estudo da evolução da espécie humana considera que a neotenia exerce um papel central, tanto do ponto de vista biológico como comportamental.  Comparado a outros primatas, o homo sapiens adulto têm características físicas consideradas juvenis, como o crânio arredondado, a pequena mandíbula, a ausência de pelos e a postura ereta. Nosso cérebro tem desenvolvimento muito lento, mas com altíssima plasticidade neuronal, que nos permite melhor adaptação ao ambiente e a manutenção da capacidade de aprendizado por toda vida. Nossa constante curiosidade, essencial para inovação e para o pensamento científico e criativo é considerada uma característica neotênica.

Do ponto de vista de comportamento, por questões de sobrevivência desenvolvemos fortes vínculos familiares e sociais com extraordinária capacidade de afeto, empatia e cooperação. A neotenia permite nossa inserção e adaptação a redes de socialização complexas, criando e adotando regras e valores, que passam de geração a geração.

E o que a neotenia tem a ver com o a medicina e seu ensino. Por ser a mais humana das profissões, penso que o aprimoramento de nossas melhores características neotênicas deve ser a base da formação do médico. São exemplos de habilidades neotênicas que temos que aprimorar e ensinar: o comprometimento com o aprendizado por toda vida, o fortalecimento de laços sociais e cooperativos e o trabalho em equipe. Empatia, resiliência, plasticidade, flexibilidade e curiosidade, todas características neotênicas de todo bom médico e demais profissionais da saúde.

E o que a neotenia tem a ver com inteligência artificial? Nossa inteligência genuína não é dada, mas construída, exigindo de nós grande empenho e esforço por toda uma vida. A neotenia nos ajuda a plasmar um cérebro inteligente, adaptável e criativo, capaz de aprender, mudar e se adaptar a partir das experiências.

É a neotenia que nos capacita para encarar a inteligência artificial (IA) não como uma oposição à nossa inteligência, mas como uma oportunidade para ampliá-la. O uso da IA como ferramenta de ensino e aprendizagem, bem como na prática médica cotidiana, no atendimento em consultórios, ambulatórios e mesmo à beira do leito já é uma realidade sem retorno.

O desafio será como usar essas engenhocas eletrônicas e ao mesmo tempo aprimorar nossas características neotênicas. Ou seja, como nos tornar cada vez mais humanos para cuidar do ser humano.

Assim podemos resumir o caminho do sucesso acadêmico: se inspirar no modelo, mas fazer o próprio caminho, tendo como base o autoconhecimento; praticar a medicina como phronesis, para além da arte e ciência, procurando ser soft com nossas skills e aprimorar nossas melhores qualidades neotênicas.

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Posted by Jair Raso 0 comentários »