Se você passar hoje pela região hospitalar da
capital vai ver que dois dos mais importantes hospitais de Belo Horizonte estão
em greve: O João XXIII, maior hospital de trauma e emergências do Estado, e o
Hospital das Clínicas, único Hospital Federal de Belo Horizonte, referência
para os pacientes do Sistema Único de Saúde, o SUS.
O que é que isso tem a ver com IDH, título desta
crônica?
O IDH, índice de desenvolvimento humano, é uma
espécie de termômetro. É uma medida comparativa entre os países, levando em
conta a riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e
outros fatores. Em outras palavras, mede o bem-estar da população, com ênfase
no bem-estar infantil. É com este índice que podemos distinguir um país
desenvolvido de outro em desenvolvimento ou subdesenvolvido. Além disso, é
possível, por meio deste índice, avaliar o impacto das políticas públicas na
qualidade de vida.
O Brasil ocupa hoje a 84ª. posição no ranking da
IDH. Em relação a 2009, subiu um ponto. Está bem atrás da Grécia, por exemplo.
Ou do Uruguai, Peru, da Venezuela e do Equador e, é claro, da Argentina. Se, no
Futebol, às vezes ganhamos dos hermanos,
no IDH a Argentina dá de balaiada no Brasil.
Entre o grupo de países emergentes, conhecidos com
Brics, o Brasil é o segundo colocado, atrás da Rússia.
O Brasil melhorou um ponto no ranking devido à
melhor distribuição de renda. O poder de compra é um dos índices importantes do
IDH, e nisso houve uma importante melhora. Entretanto, os dados da educação e
saúde utilizados para o cálculo do IDH não mudaram em nada.
Se, por um lado houve aumento da renda, por outro,
os serviços à população na área da Saúde em nada melhoraram. A greve nos
serviços públicos é apenas mais um sintoma deste quadro.
O IDH é apenas um termômetro, que auxilia no
diagnóstico. Porém, o mais preocupante não é saber que vamos mal de saúde, e
sim o tratamento proposto pelo Governo.
A despeito da orientação contrária, baseada em
estudos das entidades médicas, o Governo decidiu abrir mais escolas de Medicina
pelo país afora. Acredita que, com mais
médicos no mercado, o problema da Saúde será resolvido.
Nenhum dos países à frente do Brasil no IDH tem a
quantidade de Escolas Médicas que nós temos hoje, ainda que muitos deles tenham
população muito maior.
Tratar o problema da saúde colocando mais médicos
neste cenário pode nos levar para um cenário ainda mais preocupante. Se hoje o
grande problema é o acesso aos serviços de saúde pública, amanhã o grande
problema será a qualidade desses serviços.
Quem tem dinheiro ou ocupa altos cargos no
executivo, pode se dar ao luxo de escolher as melhores instituições e os
melhores médicos para se tratar. Quanto ao brasileiro pobre, que depende
exclusivamente do SUS, é melhor não ficar doente.
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Crônica médica