Com o avanço da medicina, as pessoas estão vivendo mais e melhor. É natural que a prevenção de doenças próprias do idoso ganhe espaço na prática da Medicina. Para isso, são realizadas inúmeras pesquisas de novos medicamentos que interferem com o processo e as consequências do envelhecimento natural.
Hoje, a prática da Medicina deve ser baseada em evidências científicas. Infelizmente, a luta contra o envelhecimento comumente é travada em solo minado por promessas de drogas milagrosas que prometem o que não cumprem e, pior, colocam em risco a saúde das pessoas.
Foi por isso que o Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou uma extensa revisão dos estudos científicos relacionados à prática da medicina antienvelhecimento, ou anti aging como é mais conhecida.
As conclusões deste estudo estão expressas no Parecer 29/12, aprovado em julho deste ano, que apontam a falta de evidências científicas que justifiquem a prática da medicina anti aging.
A principal crítica do parecer do CFM diz respeito à reposição hormonal e à suplementação alimentar com antioxidantes, vitaminas e sais minerais.
O alerta do CFM faz sentido, pois os procedimentos anti aging podem causar mais danos que benefícios.
Um dos exemplos é a prescrição de hormônios utilizados para tratar disfunções glandulares, para pacientes que não têm deficiência hormonal. Com a promessa de promover o rejuvenescimento, a prescrição desses hormônios pode colocar a vida do paciente em risco, com o desenvolvimento de diabetes e até de alguns tipos de câncer.
A prática da medicina anti aging, com uso de medicamentos sem o respaldo científico, fere o Código de Ética Médica. Cinco médicos já tiveram o registro profissional cassado pelo CFM, em decorrência da prática abusiva da medicina anti aging. Nove outros sofreram punições pela publicidade sensacionalista de tratamentos milagrosos.
Se, por um, lado os hormônios e antioxidantes estão na berlinda, existem evidências que sustentam os benefícios da mudança de alguns hábitos para um envelhecimento mais saudável. E, o que é melhor ainda, estes hábitos não têm contraindicações:
- Estimule seu cérebro: assim como o resto do corpo, o cérebro precisa de exercícios. Leia mais, ouça música, aprenda algo novo, uma língua nova ou simplesmente preste mais atenção em seu ambiente, nos sons, nos estímulos visuais, nos cheiros;
- Faça uma alimentação saudável: beba água, coma frutas, grãos e vegetais para suprimento adequado de vitaminas e minerais;
- Pratique exercícios: a prática de exercícios aeróbicos é o melhor antídoto para a perda de estaminas, da massa muscular e da densidade óssea, associadas ao envelhecimento.
- Durma bem: o cérebro necessita do sono para funcionar melhor. E seu corpo também.
- Cuide do espírito: seja por meditação, preces ou outras práticas religiosas. E divirta-se. Cuidar do espírito é tão importante quanto cuidar do corpo.
Mas talvez o mais importante seja mesmo aceitar o envelhecer como uma dádiva, não como uma condenação.
Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo brasileiro, deixou um conselho para os jovens: envelheçam! E Rita Lee, nossa rainha do rock and roll, aconselha-nos a ser sempre crianças, sem parar de crescer.
É sempre bom lembrar que os artistas estão sempre um passo à frente dos cientistas.
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Crônica médica