Esta é a época de campanhas de
vacinação contra a gripe. Realizadas todo ano, estas campanhas procuram
conscientizar a população sobre os benefícios da vacinação, especialmente para
os idosos e para os profissionais de saúde.
Ouvi de algumas pessoas que não
tomariam a vacina porque têm receio de adoecer após a vacinação. De outro, ouvi
que a vacina poderia diminuir seu sistema de defesa. Ambos os motivos são
infundados. Se alguém ficar gripado após a vacinação, deverá ter uma forma branda da doença e, a
seguir ficará imunizada. A vacinação estimula o sistema imunológico,
tornando-as menos vulneráveis a infecções.
O criador da primeira vacina foi
Edward Jenner (1749-1823). Ele observou
que pessoas responsáveis pela ordenha de vacas com varíola bovina tinham uma forma mais branda
da varíola humana. Fez pesquisas com o filho de seu jardineiro provocando
arranhões em seu braço e contaminando-o com líquido extraído das vesículas de
vacas portadoras de varíola bovina. O
menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, mas se recuperou bem.
Depois, expôs o mesmo menino a líquido colhido de uma pessoa com varíola e
desta vez ele não desenvolveu a doença.
O termo vacina surgiu justamente por esta primeira experiência com
vacas.
Existem hoje vacinas para
diversas doenças como a poliomielite, febre amarela, tétano, tuberculose,
rubéola e sarampo. As campanhas de vacinação são coordenadas e avaliadas pela
Organização Mundial de Saúde. Com elas foi possível, por exemplo, erradicar a
varíola e praticamente acabar com a poliomielite.
Mas o medo de se vacinar é
antigo. Em 1904 o governo federal obrigou a população do Rio de Janeiro, então capital do país, a se vacinar contra a
varíola. As pessoas tinham medo, pois as vacinas eram muito pouco conhecidas. Os
agentes sanitários por vezes invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força,
o que desencadeou grande revolta popular. Houve destruição de bondes, ataques a
prédios públicos e vários confrontos com a polícia.
A vacinação compulsória fazia
parte das medidas de saneamento propostas pelo Presidente Rodrigues Alves e
elaborada pelo grande pesquisador brasileiro Oswaldo Cruz, então nomeado chefe
do Departamento Nacional de Saúde Pública. A situação do Rio de Janeiro era
precária, com falta de saneamento básico e a disseminação de epidemias,
sobretudo na população mais pobre. Vários cortiços foram destruídos e a
população pobre foi retirada do centro da cidade. Tudo isso em meio à uma crise econômica com desemprego e
carestia explica a revolta popular que aumentava a cada dia.
A paz voltou ao Rio quando
Presidente revogou a lei da vacinação obrigatória e colocou o exército nas
ruas.
A vacina contra a gripe não é
obrigatória. Aliás, penso que as vacinas contra a ignorância e a pobreza
deveriam ser as únicas obrigatórias.
Falta apenas criá-las.
Revisão
e formatação: Ophicina de Arte e Prosa
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Crônica médica