A
polêmica em torno da proposta do governo de importar médicos cubanos para o
Brasil é muito bem-vinda. Afinal, estamos diante da oportunidade de discutir o
modelo de saúde que queremos.
O
Governo insiste que faltam médicos no país. Por outro lado, todas as entidades
de classe médica, Conselhos, Sindicatos e Associações comprovam exatamente o contrário.
Nos
grandes centros, há mais médicos do que o número preconizado pela Organização
Mundial de Saúde; no interior do país, a situação se inverte.
Por
que os médicos brasileiros não querem ir para o interior? A resposta é a mais simples possível: porque lá não tem Medicina.
Se
o mais longínquo município brasileiro
tivesse um posto de saúde bem equipado, com laboratório capaz de fazer exames
simples, um aparelho de Rx e uma farmácia com medicamentos para atendimento de
urgências como uma crise asmática ou hipertensiva. Este município deveria ter
um técnico de enfermagem, enfermeira, técnico de Rx e farmacêutico responsável.
Haveria também uma ambulância equipada para transporte de pacientes mais
graves.
Se
houvesse no país plano de carreira para médicos, com salários iniciais
atraentes e garantidos, duvido que faltariam médicos interessados para este
município que, infelizmente, é apenas imaginário.
A
realidade, porém, é quase inversa. Fala-se de médico para municípios sem a
mínima infraestrutura de saúde. Alardeia-se que os salários são altos, porém
tão logo o médico se instala, os salários começam a atrasar, e os contratos são
rompidos.
Hoje
a população destes municípios reais morre por falta de atendimento integral à
saúde, não por simples falta de médico.
Penso
que médicos importados de Cuba ou de qualquer outra área, praticará uma
medicina de segunda classe para cidadãos assim também considerados.
Pior
ainda – o embate do Governo contra as entidades de classe dos médicos
brasileiros não se resume à importação de médicos. O Governo quer importá-los sem a necessária e
indispensável revalidação do diploma.
Ainda
que a realidade dos pequenos municípios brasileiros fosse aquela imaginada e
não a real e faltassem os médicos brasileiros, importar médicos de qualquer
nacionalidade sem o devido preparo seria um crime.
Pois
a questão central do problema é justamente a qualificação, e não a
nacionalidade. Qualquer médico, seja cubano, mexicano, espanhol ou português, que
queira trabalhar no Brasil tem de passar por provas que atestem sua qualificação.
Insistir
nessa política desastrosa será o mesmo que assumir que haverá no Brasil dois
tipos de médicos: aqueles devidamente qualificados e registrados que tratarão
da parcela de brasileiros que podem pagar
e exigir, e os outros que farão a
política de saúde destinada à população que não merece tanto zelo.
As
entidades de classe médica estão preocupadas, sobretudo com a qualidade dos
médicos.
O
Governo, com a quantidade. Afinal, para um cidadão de segunda classe, qualidade
seria luxo.
Revisão
e formatação: Ophicina de Arte e Prosa
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Crônica médica