Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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Olim...piada: esporte é saúde!

As Olimpíadas do Rio foram um espetáculo. O mundo todo pôde ver atletas de diversos países disputando as tão sonhadas medalhas olímpicas. Entretanto, esse espetáculo grandioso tem uma faceta pouco comentada: para se alcançar sucesso nesse tipo de competição, os atletas buscam o limite do corpo humano, a superação física e metas ambiciosas que fascinam o público.  Para além do glamour e das cifras bilionárias que acompanham os louros das vitórias,  há um preço solitário a ser pago pelo atleta: lesões agudas ou tardias em seu corpo provocadas por excesso de treinos e competições. 
Nas Olimpíadas do Rio, um halterofilista armênio, Andranik Karapetyan, quebrou o braço ao tentar erguer 195 kg.Na ginástica artística, o francês Samir Ait Said caiu de mau jeito durante a execução de seu salto e fraturou a perna; a ginasta brasileira, Jade Barbosa, não teve melhor sorte: caiu de joelhos e depois teve uma lesão no tornozelo, deixando o estádio olímpico em cadeira de rodas; a ciclista holandesa Annemiek van Vleuten liderava a prova de rua quando caiu, bateu a cabeça no meio fio e sofreu traumatismo craniano. Ao invés de ir para o pódio, acabou no CTI onde foi constatada contusão cerebral e fratura de vértebras lombares. Também em prova de rua, o ciclista colombiano Sergio Luis Henao fraturou a bacia, e  Vicenzo Nibali quebrou a clavícula; no futebol, na partida entre México e Fiji. O capitão do time mexicano Oribe Peralta fraturou o nariz, e o meio de campo Rodolfo Pizarro, a fíbula direita.  
O tornozelo foi o ponto fraco de outros competidores: após torção, o tenista alemão Dustin Brown desistiu da partida contra o brasileiro Thomaz Bellucci. Pelo mesmo motivo, o jogador de vôlei do Egito, Ahmed El Kotb, deixou a competição contra a Polônia na quadra do Maracanãzinho
No judô, na luta pela repescagem da categoria ligeiro contra a atleta da Mongólia, Urantsetseg Munkhbat, a judoca brasileira Sarah Menezes sofreu luxação no cotovelo direito e, após a derrota, saiu da arena com o braço imobilizado.
Marta Baeza, da esgrima, abandonou a disputa individual de sabre contra a polonesa Bogna Jozwiak, após torcer o joelho esquerdo.
No esporte, o tempo de recuperação do atleta lesado nem sempre é obedecido, por razões muitas vezes obscuras.
Lesões traumáticas acidentais realmente fazem parte do jogo, e a organização desses eventos leva em consideração a segurança de determinados esportes. O ciclismo de rua, por exemplo, pode ser revisto dentro dessa perspectiva. Não será a primeira vez. Nas Olimpíadas de Atenas de 1896, os organizadores instituíram uma nova competição ciclística na qual os atletas deveriam pedalar doze horas a fio. Sete atletas participaram, e só dois chegaram ao final da competição. Não foi difícil decidir pela retirada dessa modalidade como competição olímpica.
Nada,entretanto, justifica a brutalidade de determinadas modalidades ainda consideradas esportes. O Pancrácio, por exemplo, era um tipo de modalidade esportiva que fez parte dos jogos olímpicos entre os anos de 648 a. C. e 383 d. C.. Era uma forma mais violenta do que as lutas de MMA de hoje. Misturava técnicas do boxe, da luta grega e do vale-tudo ou quase tudo e só terminava quando um dos oponentes estava à beira da morte.
Hoje, até autoridades como Dr. Ricardo Munir Nahas, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte reconhece que lesões traumáticas no boxe são corriqueiras, fazem parte do próprio esporte. Nas palavras deles, “quebrar o nariz lutando boxe não é nada absurdo”.
Esse tipo de conceito deve ser revisto. Há muito mais dano relacionado ao boxe do que fraturas dos ossos da face. As lesões cerebrais causadas por traumatismos repetidos na cabeça são irreversíveis e estão relacionados ao desenvolvimento tardio de um tipo de demência em tudo semelhante ao Alzheimer. Esporte como esse não deve ser considerado Olímpico. É Pancrácio disfarçado.

O espetáculo das Olimpíadas deve ser sempre louvado como uma ode ao esporte como meio eficaz de confraternização entre os povos.  Entretanto, é preciso levar mais a sério os limites naturais do corpo humano e a segurança dos atletas nas competições. Caso contrário, o mote “esporte é saúde” não passará de piada olímpica. 




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