Montaigne (1533 -1592), filósofo francês, já dizia sobre as novidades científicas e suas fases: na primeira fase, a novidade é desacreditada e atacada; na segunda fase, encontra-se certa utilidade e benefício inequívoco da novidade, mas ainda há questionamentos; por fim, na terceira fase, a novidade já está incorporada na prática. Entretanto, até chegar à terceira fase passou o tempo, e já não se trata de novidade.
Assim é e será com a telemedicina. As recentes decisões do CFM, liberando a prática da telemedicina no país, causou grande furor entre os médicos e algumas entidades. Este é um exemplo típico da primeira fase descrita por Montaigne.]
Acontece que a decisão do CFM atende à necessidade de regular uma prática já em pleno uso em outros países e até mesmo no Brasil. Sem que todos saibam, em relação à telemedicina já estamos na fase dois de Montaigne faz algum tempo.
Grandes hospitais de São Paulo, por exemplo, prestam assessoria a distância para unidades de terapia intensiva de várias cidades, participando, on-line, de corrida de leitos, discutindo condutas e orientando tratamentos em tempo real. Médicos dessas localidades têm oportunidade diária de discutir casos com profissionais experientes, oferecendo aos pacientes assistência qualificada.
Clínicas de radiologia em Brasília centralizaram as imagens de exames radiológicos de diversos hospitais e clínicas em uma única sala confortável e bem equipada, com radiologistas experientes interpretando e elaborando os laudos de exames. Ganham o paciente e os médicos assistentes com laudos bem elaborados feitos por profissionais experientes. Em cada unidade, há um clínico vinculado ao grupo para tratar eventuais emergências médicas relacionadas à realização de exames de imagem. Ou seja, a segurança do paciente é um dos pilares da Telemedicina.
Em nosso meio, estamos à frente de um projeto de tele-AVC, que permitirá o diagnóstico e tratamento precoce do acidente vascular cerebral e o alinhamento de condutas estabelecidas por centros com alto volume e expertise. Para uma doença em que o tempo do diagnóstico e o início de tratamento é vital, a telemedicina cairá como uma luva, reduzindo custos e criando oportunidade de melhora na assistência aos pacientes.
Onde uns só veem riscos de quebra de confidencialidade, perda da empatia e riscos de assistência, outros veem oportunidades de trabalho, mas principalmente uma ferramenta que trará melhora na qualidade da assistência.
A telemedicina veio para ficar, pois o grande interessado, o paciente, será o maior beneficiado com acesso à informação de qualidade em situações em que sua saúde está em risco.
Os outros agentes envolvidos no diagnóstico e tratamento também serão beneficiados. Afinal, todos queremos medicina qualificada, de fácil acesso e a custo baixo.
O que a telemedicina precisa é de um pouco mais de tempo para se firmar como verdadeiro avanço tecnológico. Mas, como disse Montaigne, ao passar o tempo, telemedicina não será mais novidade.
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Ophicina de Arte & Prosa
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