Os efeitos da infecção do
Covid-19 em nosso cérebro ainda não são completamente conhecidos.
Sabemos que cefaleia e perda
do olfato, a anosmia, são manifestações comuns da infecção.
O Sars-Cov foi detectado no
cérebro de pacientes e animais infectados. É plausível que o Covid-19 tenha o
mesmo comportamento.
Há duas maneiras pelas quais
um vírus pode afetar o sistema nervoso: por dano direto ou secundários à
resposta imunológica causada pela infecção. Além disso, o cérebro pode ficar
comprometido pelos efeitos da doença em todo o corpo, notadamente nos casos
mais graves.
Ainda não há prova definitiva
de que o vírus ataque diretamente nosso cérebro. Já os danos provocados pelos
outros mecanismos, estes foram relatados, como encefalopatia hemorrágica e
Síndrome de Guillain-Barré.
Há também a suspeita de que os
casos de AVCs em jovens tenha aumentado durante a pandemia.
Outro efeito temido da
infecção por corona vírus é o declínio cognitivo, encontrado no envelhecimento
ou como manifestação precoce de casos de demência. Dra. Flávia Pinheiro
Machado, neuropsicóloga, em texto ainda não publicado, informou que tem
recebido em seu consultório “muitos pacientes curados da Covid com queixas amnésicas
e atentivas, além de lentificação motora e do pensamento”.
As queixas são confirmadas com
testagem objetiva, comparando o desempenho neuropsicológico com o esperado para
a mesma faixa etária, escolaridade e cultura.
Recentemente, um estudo britânico
confirmou a impressão da Dra. Flávia. O médico do Imperial College of London,
Dr. Adam Hampshire, liderou um estudo com mais de 84000 pessoas, avaliando o
desempenho cognitivo. Ele também encontrou comprometimento, notadamente nos
casos de infecção mais grave. Segundo ele, é como se o cérebro envelhecesse 10
anos.
Tanto a Dra. Flávia quanto os
pesquisadores londrinos reconhecem que ainda é cedo para saber se serão perdas
permanentes. Há a possibilidade de recuperação total ou parcial ao longo do tempo.
Como otimista, penso que a maioria dos pacientes terá boa recuperação cognitiva. Afinal, como afirma o dito popular, “o tempo é o melhor remédio”. A exceção talvez fique com aqueles que já apresentavam algum grau de comprometimento prévio à infecção.
Nesse caso, a ciência, com
certeza, trará a resposta definitiva. É questão de tempo.