Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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A última cortina

 


 

A última cortina

 

Domingo, 18/4/21: dois meses após completar 90 anos, Wilma Henriques, uma das maiores atrizes do país, deixou o espetáculo que foi sua vida. A cortina não mais será aberta para que ela receba os aplausos que tanto merece. Morreu tranquila, num lar para idosos, sem sofrimento, sozinha, sem plateia.

Nada de Covid, nada de doença grave. A morte dela foi natural.  

O Governo Estadual autorizou a liberação do Palácio das Artes para que o corpo fosse velado. Certamente, Wilma seria homenageada por seus colegas de classe. Entretanto, devido aos protocolos de distanciamento, necessários em tempos de covid, não houve velório.   

Wilma foi enterrada no cemitério do Bonfim, junto à sua família: o pai Jadir, a mãe Esmeralda e a irmã Geisa.  Éramos dez presentes para o último ato: uma oração feita por um pastor da Igreja Messiânica, da qual ela fazia parte, um pequeno discurso e aplausos. Saía de cena para sempre a dama do teatro mineiro.

Para o consolo de todos, Wilma Henriques foi homenageada no dia de seu aniversário:15 de fevereiro. A classe artística, capitaneada pela presidente do Sindicato, Magdalena Rodrigues, compareceu em peso e a live com o depoimento de vários deles e a participação de Wilma aconteceu no teatro Feluma. Também devido à covid, no palco duas, três pessoas. Wilma de longe, no Lar Viver Melhor, ao lado de Carluty Ferreira. Os depoimentos de seus companheiros de ofício e as reações de Wilma foram emocionantes.  Ao final da homenagem foi reapresentado o programa Ribalta, sobre a carreira de Wilma, dirigido por Papoula Bicalho para a Rede Minas.

Wilma queria muito este encontro e ficou muito feliz com sua realização. Gravou uma mensagem de agradecimento que foi publicada no grupo de WhatsApp criado para a homenagem.

Para Carluty Ferreira, ela teria dito pouco depois: “meu pai já foi, minha irmã já foi, minha mãe já foi. O que eu estou fazendo aqui? ”. Fosse há dois anos, eu responderia: você está fazendo teatro.

Agora não mais. Em sua última apresentação, em julho de 2019, na peça Espelho, escrita por mim e dirigida por Magdalena Rodrigues, percebemos que Wilma tinha atingido seu limite físico e cognitivo.

Se eu fosse o grande diretor deste espetáculo que se chama vida, eu faria Wilma morrer assim: no palco, ao final de uma apresentação teatral para seus colegas e fãs.

Pensando bem, foi o que aconteceu, mas em momentos separados pelo tempo, mas não pela emoção e significados.

Foi uma vida dedicada ao teatro, sua grande paixão. Na fala de seu último personagem, que não por acaso se chama Vida, ao som de La Vie en Rose, sua música predileta, ela recita:

“Eu queria cantar uma canção de amor.
            Do meu amor pelo teatro, porque o teatro foi o grande amor da minha      vida. 
            Ele me toma em seus braços, e me fala baixinho:

Sua vida é cor-de-rosa
            Ele é tudo pra mim e eu sempre fui toda dele. 
            E assim, nós dois, trocando juras de amor
            numa noite que nunca acaba
            Somos um só coração que bate feliz
            Feliz até morrer”

Cai o pano. Mas o brilho da estrela ficará sempre vivo em nossas memórias.

 

 



 revisão:

Rachel Kopit 
Ophicina de Arte & Prosa

www.ophicinadearteprosa-kopit.blogspot.com  


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