Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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O Desafio do Ensino da Neurocirurgia- Parte 3

 

A sistematização do ensino na Residência/especialização em neurocirurgia ao longo dos cinco anos do programa não passa de um primeiro passo.

Como ensinar uma especialidade de grande demanda técnica e teórica? 

Abrir uma cabeça ou uma coluna não é tarefa fácil; lidar com a patologia é um desafio ainda maior. a reconstrução é sempre desafiadora e  o pós operatório exige cuidados intensivos especializados. 

O residente tem que compreender e dominar cada uma dessas etapas do procedimento neurocirúrgico. Negligenciar pormenores da técnica pode ser o divisor entre bom e o mau resultado de um procedimento neurocirúrgico. 

No passado, a gravidade das doenças neurocirúrgicas e a limitação dos métodos de imagem agiam com um véu, encobrindo imperícias. Hoje, conhecemos mais sobre a história natural das patologias neurocirúrgicas e podemos documentar melhor os procedimentos. 

Nem sempre é fácil distinguir uma complicação inevitável de uma imperícia que resulta em evento adverso para o paciente. 

Não resta dúvida que o mote aristotélico, citado na epígrafe dessa série de artigos sobre o ensino da neurocirurgia, é a única saída. Não há outro modo de aprender a especialidade senão praticando-a ao lado de um profissional já previamente treinado. 

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia exige que num programa credenciado tenha no mínimo cinco especialistas titulados. Espera-se que esses especialistas estejam lado a lado com os residentes, ensinando a especialidade com os rigores de seus detalhes.  Sobretudo, espera-se que ele consiga ensinar com evitar seus próprios erros, pois aprendemos mais com eles do que com os acertos. Mas aprender com os erros dos outros é ainda melhor na construção do conhecimento, que assim vai passando de uma mão à outra: do titulado para o R5, deste para o R4 e assim por diante. 

Mas se para aprender tenho que fazer, como fica o paciente nessa história? 

Lembro-me bem de um caso que era contado sempre à boca pequena, a respeito de um professor muito conceituado. Ele foi prestar concurso para ser admitido como neurocirurgião em uma Instituição, que exigia que ele fizesse um procedimento neurocirúrgico. Deveria demonstrar para uma banca seus conhecimentos e sua técnica. Era um procedimento considerado simples, uma hérnia de disco lombar. Houve uma complicação grave, uma lesão vascular que levou o paciente ao óbito. Felizmente, esse tipo de concurso não é mais realizado. E o caso em questão, deixou de ser um segredo quando o próprio cirurgião contou sua experiência em um congresso da especialidade, dando aula para seus pares. 

A realização de procedimentos mais simples pode ser aprendida e ensinada de mão em mão. Á medida que o residente vai dominado as praxias, ele adquire a competência necessária. O aprendizado de procedimentos mais complexos exige uma abordagem diferente. 

O treinamento em cadáveres em laboratório especializado é a forma mais adequada. 

Trabalhamos em um desses laboratórios, na Universidade George Washington, onde dispunha de todo o arsenal neurocirúrgico e cabeças especialmente preparadas para similar os procedimentos complexos. Os residentes tinham oportunidade de verem replicados no laboratório o passo a passo dos procedimentos realizados no bloco. 

No próximo artigo, vamos falar mais sobre esse modelo de ensino, que consideramos   ideal para o aprendizado de técnicas cirúrgicas complexas, como é o caso da maioria dos procedimentos neurocirúrgicos. 

 

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O Desafio do Ensino da Neurocirurgia- Parte 2

 

Para além da modalidade, Residência ou Especialização, com suas vantagens e desvantagens características, o maior desafio do ensino da neurocirurgia é o de como ensinar uma especialidade que exige vasto conhecimento teórico com praxias complexas para lidar com o Sistema Nervoso Central.

A imersão na rotina de trabalho de um grande serviço é o primeiro passo. Mas o caminho é longo e árduo para adquirir as competências necessárias. A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e o MEC estipularam o tempo de formação do neurocirurgião em 5 anos. Assim, depois dos seis anos para se tornar médico, o residente ainda vai   dedicar-se por mais de 13000 horas de trabalho para então, e só então, começar sua carreira na neurocirurgia.

Imerso em serviço de alta demanda, no primeiro ano o residente passa por um estágio de neurologia clínica, que tem a duração de 6 a 8 meses ou, em alguns casos, até um ano. Ao final desse estágio, ele deve ter o domínio do exame neurológico e noções básicas de doenças neuroclínicas. Deve também estudar a fundo a neuroanatomia aplicada à neurocirurgia, bem mais complexa que aquela que já estudou em seu curso de medicina. Além disso, tem que aprofundar seus conhecimentos de neurofisiologia e embriologia aplicadas à neurocirurgia, bem como adquirir noções de bioética e aplica-las no dia a dia.  Ainda nesse primeiro ano de residência ele deve aprender a interpretar   exames neurorradiológicos além de ter práticas no bloco cirúrgico, incluindo a instrumentação cirúrgica, diversa daquela de outras especialidades.

No segundo ano, o residente já participa mais das rotinas do bloco cirúrgico, aprendendo as técnicas neurocirúrgicas básicas e realizando pequenos procedimentos. Nesse ano ele faz estágio de neuroatrauma e neurointensivismo. No campo teórico, estuda neuropatologia e aprofunda seus conhecimentos de bioética e interpretação de exames neurorradiológicos.

Ao chegar ao terceiro ano o residente já realiza procedimentos mais complexos e passa a lidar com neurooncologia e doenças cerebrovasculares. Também é introduzido às técnicas de diagnóstico e tratamento endovasculares.  

Já no quarto ano, o residente passa a realizar procedimentos de Neurocirurgia funcional, técnicas cirúrgicas dos aneurismas cerebrais e malformações arteriovenosas do encéfalo e da medula espinhal, tumores da base do crânio e neuroendoscopia.

Finalmente, no quinto ano, o residente consolida sua experiência cirúrgica e faz estágios em neurocirurgia funcional, pediátrica e neurorradiologia intervencionista.

Durante todo o treinamento o residente trabalha junto com um neurocirurgião titulado. Além da avaliação no serviço, a SBN aplica uma prova ao final de cada ano de residência e a prova final para obtenção do título de especialista.

Durante todos os anos os residentes aprendem as etapas de elaboração de trabalho científico, têm noções de bioestatística e dão inúmeras aulas sobre os diversos tópicos da especialidade, seja nas reuniões científicas de cada serviço, seja em congressos. Além disso, treina técnicas microcirúrgicas em laboratório de microcirurgia.

Ao final desse árduo programa de aprendizado espera-se que o neurocirurgião tenha adquirido o treinamento necessário para realizar a maioria dos procedimentos neurocirúrgicos, com domínio técnico e comportamento ético e cordial. Além disso, espera-se que saiba trabalhar em equipe valorizando a interação com os demais profissionais

 

 

 

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