Nos últimos anos, a Sociedade de Psiquiatria americana inclui, em seus
congressos, uma sessão sobre dieta e o cérebro.
Há evidências crescentes de que a nutrição representa fator crucial na
incidência de distúrbios mentais. Portanto, a dieta de seus pacientes passa a
ter para os psiquiatras tanta importância como para os pacientes de
cardiologistas e endocrinologistas.
Sabe-se, por exemplo, que animais com dieta rica em gorduras trans têm
desempenho pior em testes de memória, quando comparados àqueles que não ingerem
tais gorduras.
A Dra. Beatrice A. Golomb, da Universidade da Califórnia fez pesquisa
com 694 homens, correlacionando testes de evocação de palavras com dieta rica
em gorduras trans. Os resultados comprovam os achados com testes em animais,
mostrando que o grupo exposto a dieta rica nesse tipo de gordura têm desempenho
pior.
Uma outra forma de abordar o efeito da nutrição sobre o cérebro é tentar
associar qual alimento estaria associado a efeitos benéficos. Há estudos que
mostram que adultos que adotam a dieta do mediterrâneo, rica em frutos do mar, nozes
e grãos, têm risco significativamente menor de desenvolver depressão.
Se voltarmos na história, nossa sobrevivência está atrelada ao
desenvolvimento do nosso cérebro, só possível com alimentação saudável.
Segundo a Dra. Emily Deans, psiquiatra da escola de medicina de Harvard,
nós começamos a comer plantas, insetos e larvas. Há cerca de 2 milhões de anos
incorporamos carne à nossa dieta, contribuindo para o desenvolvimento avançado
de nosso cérebro. Por volta de 1 milhão de anos atrás, passamos a consumir
raízes e tubérculos. Com o avançar da agricultura, foi possível adicionar
grãos, laticínios e legumes.
No século passado nossa dieta mudou drasticamente. Passamos a consumir
alimentos processados e mais carboidratos, incorporando mais gordura vegetal do
que animal. A industrialização tornou necessários o uso de conservantes,
emulsificadores e outros aditivos.
Qual seria hoje o alimento mais apropriado para nosso cérebro?
Drew Ramsey, psiquiatra professor da Universidade de Columbia e a Dra.
Deans têm a resposta: frutos do mar.
Ostras, por exemplo, são ricas em nutrientes, incluindo vitamina B12,
que é deficitária em pessoas adeptas de dietas vegetarianas. A vitamina B12 é
necessária para a função de neurotransmissores. Ostras podem ser opção para as
pessoas que não comem carne por razões morais, uma vez que não possuem um
sistema nervoso desenvolvido. Portanto, para nos servir de alimento não passam
por sofrimento.
A saúde cardiovascular é sabidamente atrelada à boa dieta.
Agora também a psiquiatria estuda a fundo a nutrição, buscando compreender o
papel da dieta saudável na saúde de nosso cérebro.
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Crônica médica