A
maioria de nós gostaria que a ciência simplesmente fosse capaz de fabricar uma
pílula para prevenir o envelhecimento do cérebro. Melhor ainda se, em vez de
pílulas diárias, o remédio fosse apenas três gotinhas a cada década, como já
utilizado na prevenção da poliomielite. Entretanto, quando o assunto é
demência, estamos longe disso.
Enquanto
a tal pílula milagrosa não vem, vários estudos focam em hábitos de vida como
possíveis fatores preventivos de demência. Um dos hábitos mais estudados é
nossa alimentação. Afinal, atividade física muitos podem ou não fazer. O mesmo
se aplica a fumar ou não. Mas quando o assunto é comida, todos formamos um
único grupo, com variações apenas na qualidade nutricional dos alimentos mais
comumente consumidos.
É
cada vez maior a evidência de que a qualidade de nossa dieta pode influenciar
no desenvolvimento de doenças do sistema nervoso, entre elas o mal de
Alzheimer.
Um
estudo recente, publicado no periódico Alzheimer
and Dementia mostrou os resultados de um tipo de dieta, a MIND diet. A MIND é um híbrido da dieta do mediterrâneo e da dieta para
prevenção da hipertensão arterial, conhecida como DASH. Tanto a dieta do
mediterrâneo quanto a DASH se mostraram eficazes ao reduzir o risco de
hipertensão arterial, infarto do miocárdio e derrame. De acordo com
pesquisadores da universidade de Chicago, a dieta MIND pode desacelerar o declínio cognitivo dos idosos.
Este
estudo observou a dieta de pessoas idosas por um longo período. O hábito
alimentar daqueles que mais se aproximavam da dieta MIND correspondia a melhor
desempenho em testes de memória e outras atividades do cérebro.
Em
que consiste a dieta MIND?
Basicamente são 15 componentes divididos em dois grupos: os saudáveis para o
cérebro e os não saudáveis. No grupo de componentes a serem evitados estão
incluídas a carne vermelha, manteiga e margarina, queijos gordurosos, doces,
frituras e fast food. Do lado bom,
estão grãos integrais, vegetais de folhas verdes, nozes, feijão, aves, frutos
silvestres (mirtilo, groselha) e peixe.
Foram
observados pacientes acima de 80 anos por um período de cerca de 5 anos quanto
à dieta. Os pacientes foram divididos em grupos, ajustando-se valores importantes como idade, sexo,
escolaridade e atividades cognitivas. Aqueles cuja dieta mais se aproximava da
dieta MIND apresentaram menos
declínio cognitivo, principalmente da memória para episódios recentes e memória
semântica, aquela que nos permite evocar as palavras com facilidade. Em termos
quantitativos, os pesquisadores notaram que os do grupo da dieta MIND tinham um
desempenho que os equiparavam a pessoas 7,5 anos mais jovens.
Trata-se
de um estudo observacional, portanto com limitações. Mas o recado é claro: uma
dieta que seja boa para a prevenção de doenças como hipertensão arterial e
infarto também é boa para o cérebro.
Estudos
como esse apontam para um tipo de abordagem para prevenção da demência que
inclui mudança de hábito.
Mudar
hábito é sempre difícil, mas quando essa mudança implica não só o aumento do
tempo de vida, mas sobretudo a qualidade, vale a pena dar o primeiro passo.
Para
comemorar, vale lembrar que a dieta do mediterrâneo inclui uma dose diária de
vinho. Saúde!
Revisão e
formatação:
Rachel
Kopit
Ophicina de Arte
&Prosa
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Categories:
Crônica médica