Quebra-crânio
A
recente brincadeira “quebra- crânio ” que viralizou nas redes é tudo, menos
brincadeira.
Dois jovens, lado a lado com
um terceiro, pulam juntos. Na sequência, é a vez do jovem do meio, que ignora a
brincadeira, pular. Ao sair do chão, seus companheiros lhe dão uma rasteira e o
resultado é invariável: ele cai de costas no chão, batendo a cabeça.
Todos riem daquilo que não tem
graça. Vendo os registros nas redes sociais não é difícil perceber que não se
trata de brincadeira, mas de ensaio de tragédia. De fato, foi preciso que um
jovem morresse por traumatismo craniano, devido à brincadeira, para que o
alerta se propagasse: o quebra cabeça é uma agressão física que pode ter
consequências gravíssimas.
Ao cair e bater a região
occipital, o cérebro pode sofrer contusão direta no local do impacto, ou a
distância, por um mecanismo de contragolpe. Dependendo da energia cinética e de
vetores na queda, pode haver ruptura das conexões entre os neurônios, que
chamamos de lesão axonal, que pode causar déficits transitórios ou definitivos.
A maneira como ocorre a queda
coloca em risco não somente o cérebro, mas também a medula espinhal. Na queda,
pode haver hiperextensão da coluna cervical, com ruptura de ligamentos ou
fraturas de vértebras, que podem comprimir a medula, causando tetraplegia.
Se a lesão for na transição
entre o crânio e a coluna cervical, a queda pode provocar morte imediata, por
atingir áreas vitais de controle da respiração e dos batimentos cardíacos.
Outros segmentos da coluna,
como a dorsal e lombar podem ser fraturadas na queda, bem como ossos do quadril.
Na tentativa de se proteger da
queda, a vítima pode usar as mãos e sofrer fraturas no punho.
A Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia emitiu comunicado de utilidade pública, alertando a população
para os riscos da pretensa brincadeira que, na verdade, é uma agressão física.
Ainda que não tenha essa intenção,
os jovens implicados na agressão podem responder legalmente por lesão corporal
grave ou mesmo por homicídio.
O “Quebra-crânio” não é uma
brincadeira estúpida e de mau gosto. É ato de violência gratuita e covarde.
revisão:
Rachel Kopit Ophicina de Arte & Prosa
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