Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

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Caminho do Sucesso – Parte I: Phronesis e Soft skills

Caminho do Sucesso – Parte I: Phronesis e Soft skills

 

Fui convidado por alunos da Faculdade de Medicina de Barbacena para proferir a palestra de abertura do I Congresso de Especialidades e Carreira Médica, organizado por eles e realizado entre os dias 21 e 23 de maio.

Fiquei muito feliz com o convite, não só por me dar oportunidade de retornar à faculdade onde me formei, mas sobretudo pelo desafio do tema proposto por eles para a palestra: “O Caminho para o Sucesso Acadêmico; Condutas essenciais para médicos em formação”.

Poderia abordar o tema sob minha perspectiva como acadêmico de medicina, encarando o sucesso de ter sido primeiro aluno. Mas se fosse por esse caminho, teria respondido apenas a primeira parte do título da palestra, que considero a mais fácil. Afinal, ser comprometido com o estudo da medicina e tirar boas notas é uma parte muito pequena da difícil tarefa de se tornar um bom médico.

Comecei a palestra assim, mostrando que o estudante de medicina não é um estudante qualquer, de quem se espera bom desempenho acadêmico, justamente porque ele está se preparando para se tornar médico, que é um profissional diferente. Do médico, exige-se muito mais que conhecimento técnico. É comum mesmo se referir à medicina como arte, tanto quanto ofício.

É inevitável buscarmos modelos a serem seguidos e citei vários dos professores que muito influenciaram minha formação, com especial destaque ao professor Luigi Bogliolo. Mas alertei que o tal caminho do sucesso é individual e intransferível, que convoca o autoconhecimento e é tarefa árdua que só tem início e cujo destino serve mais como alinhamento de direção do que ponto de chegada.

Para além da experiência pessoal, abordei o tema da medicina como phronesis, proposto pela Dra. Kathryn Montgomery, professora emérita de Bioética da Northwestern University Feinberg School of Medicine, autora do livro How Doctors Think, clinical judgment and the practice of Medicine (Como os médicos pensam, juízo clínico e a prática da medicina, Oxford University Press,1986).

Nessa linha de pensamento, que comungo com a autora, medicina vai além da arte e da ciência. Mais que um corpo de conhecimento técnico e o desenvolvimento de habilidades, o acadêmico de medicina deve aprender o cuidado racional de pacientes, com fundamentos da melhor evidência científica, ajustando o conhecimento e a experiência às circunstâncias de cada paciente. Esse seria o exercício da medicina como phronesis, que Aristóteles (383-321 AC) define como capacidade intelectual ou virtude que pertence aos esforços práticos e não à ciência.

O exercício da medicina como phronesis seria a aplicação da razão prática, do julgamento clínico, que permite ao médico ajustar seu conhecimento e experiência às circunstâncias de cada paciente.

O desafio de se ensinar a phronesis poderia ser resumido na frase do próprio Aristóteles em sua Ética a Nicômaco: “aquilo que se deve fazer para aprender, aprende-se fazendo”.

Ao lado dessa razão prática, o estudante deve aprender e desenvolver habilidades que em seu conjunto são referidas como soft skills: comunicação, empatia, compaixão, curiosidade.

Encerro a palestra com dois temas, que abordarei na parte II: a medicina como neotenia e a construção da inteligência aliada à inteligência artificial. 

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