Carlos Chagas (1879-1934),
médico sanitarista brasileiro, foi o primeiro e continua sendo o único
cientista do mundo a descrever completamente uma doença infecciosa: o agente
causador, o mosquito transmissor, os hospedeiros e o quadro clínico. A doença
de Chagas, como é conhecida, é causada por um protozoário, o Trypanossoma cruzi. Por muito menos,
vários cientistas do mundo já ganharam o prêmio Nobel de Medicina.
Lembro de Chagas, que elucidou
para o mundo uma nova doença, quando vivemos a epidemia de microcefalia, que
assola o norte e nordeste do país.
A microcefalia é doença
congênita já conhecida. O cérebro não se desenvolve adequadamente. O
diagnóstico é feito pela medida do perímetro cefálico do recém-nascido
acometido, que mede 32 cm ou menos. O diagnóstico pode ser confirmado por
imagens do cérebro. Não há tratamento específico, e as crianças acometidas
evoluem, na maioria das vezes com retardo mental.
São diversas as causas de
microcefalia, como malformações do sistema nervoso central, desnutrição ou
exposição a substâncias tóxicas durante a gravidez e infecções como
toxoplasmose, rubéola e outras doenças virais.
Foi identificado um aumento de
casos (surto) de microcefalia no Brasil. Até agora, são mais de 1200 casos
diagnosticados, metade deles no Estado de Pernambuco.
O que faz deste surto uma
novidade científica é sua associação com o vírus Zika, apontado como causa das
microcefalias diagnosticadas. O mosquito transmissor desse vírus é o mesmo da dengue,
o Aedes aegipty.
A associação da infecção pelo
Zyka com os casos de microcefalia é feito brasileiro. As investigações
continuam para esclarecer pormenores da transmissão da doença e o comportamento
do vírus no organismo humano.
Sabe-se que o período de maior
risco está nos primeiros três meses de gravidez. Recomenda-se às gestantes que,
independente do destino, consultem seu médico antes de viajar. A doença ainda
está restrita a algumas regiões, mas o mosquito Aedes aegipty, infelizmente, já é patrimônio nacional.
A prevenção da infecção exige
os mesmos cuidados para a prevenção da dengue, transmitida pelo mesmo mosquito:
uso de repelentes e roupas de manga comprida, além do combate ao mosquito com
ênfase na eliminação de águas paradas em casa ou no trabalho.
Cientistas brasileiros e a
organização mundial de saúde já estudam em conjunto essa nova ziquizira.
Que esse esforço conjunto
mereça um prêmio. Não o Nobel, mas o da erradicação da microcefalia infecciosa
e, como bônus, da dengue.
Revisão e formatação:
Rachel Kopit
Ophicina de
Arte &Prosa
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Posted by
Jair Raso
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