Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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A Lama Invisível




As imagens de Brumadinho mancham de lama  a alma de qualquer pessoa.  
Já em Barão de Cocais e Macacos, não. A lama é invisível.
Aquele jovem empresário  fechou o restaurante que administrava com sucesso há anos. Era uma das principais atrações turísticas de Macacos. Mas agora, com ameaça de estouro de mais uma barragem, seu negócio foi fechado.
Os empregados que ali trabalhavam já acrescentam números ao já  estratosférico desemprego no Brasil.
Aquele senhor idoso que mora ali na esquina, na casa que herdou de seu pai, que, por sua vez, herdou de seu avô, foi parar no hospital. Também pudera: uma sirene tocou alto numa noite chuvosa de um sábado até então tranquilo. Um carro de som convocava: “abandonem suas casas. Essa é uma situação real de rompimento de barragem”.
O coração do velho passou a bater descompassado. Sair de casa e ir para onde? Em sua memória, as imagens de Brumadinho o empurravam para ir para qualquer lugar.
No dia seguinte, passado o susto, ficou sabendo que aquele alarde todo era apenas protocolo de segurança, que jamais havia sido utilizado e para o qual não houve nenhum preparo da comunidade.
Mesmo assim, centenas de pessoas não podem mais voltar para seus lares condenados pela ameaça de lama.
A criança, que já não dorme à noite, tem terror a qualquer barulho. Seu medo é ficar sem o pai ou a mãe, como aconteceu com muita outras em Brumadinho.
Mas aqui, nessa cidade, não houve rompimento de nenhuma barragem. Foi só um susto. Um baita susto provocado por um  protocolo. Para que a empresa Vale ficasse de acordo com as exigências das autoridades públicas.
Da noite para o dia, toda a atividade que ali se faz há vários anos, mostrou-se irresponsavelmente arriscada para a comunidade.
A desinformação é tamanha, que pode ser justamente o contrário: não há risco, mas também não há ninguém que assuma a responsabilidade de assinar pela segurança.
Macacos, antes uma cidade turística, perdeu seus visitantes.  
Apesar de limpa, sem uma gota de barro ou lama, vai perdendo seu valor, sua confiança, seus encantos.
E por todo o lado, o que a gente vê são pessoas comuns, que não estão sujas da lama das barragens, pois essa  lama, que aos poucos tenta destruir a cidade, é invisível.






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Ophicina de Arte & Prosa


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Posted by Jair Raso 0 comentários »