Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

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O Direito de Morrer

 

Becky, minha adorável vira-lata, morreu ontem. Andrea, bem mais moderna que eu, dizia que ela era caramelo. Estava conosco há cerca de 17 anos. Quando chegou, trouxe vigor e alegria contagiantes. Escolheu nossa casa e tomou posse de nossos corações.

Nos últimos meses já estava bem frágil. Cega, devido a catarata, surda e com o faro menos apurado, devido ao natural envelhecimento.

Tinha uma paraparesia leve, devido a artrose, que não a impedia de descer e subir escadas para chegar a seus lugares preferidos na casa e no quintal.

O trio de cães lá de casa era composto de dois labradores, Bertrand e Hanna, capitaneados pela chefe da matilha, Becky.

Bertrand morreu precocemente, aos 5 anos, devido a uma insuficiência renal fulminante, pra lá de esquisita.

Hanna tinha dez anos quando foi diagnosticada com um sarcoma avançado, sem possibilidade terapêutica. Sua eutanásia foi há apenas um mês.

Foi de cortar o coração a cena que passamos a presenciar quando chegávamos em casa: Becky, sentada na cama de Hanna, uivava um pranto de tristeza e saudade. Colocávamos no colo, abraçávamos e ela se acalmava.

Nesse último mês Becky envelheceu anos. Houve dias em que pensamos que ela não acordaria de um sono profundo e prolongado. Mas ela simplesmente dava o ar da graça e movia livremente com suas mazelas senis. Era um recado para Andrea e eu: preparem-se, estou partindo.

E foi assim. Pena não estarmos junto dela no derradeiro momento.

Quando comentei sobre a terminalidade de Becky com o professor Hercules Pereira Neves, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, ele me consolou dizendo que os cachorros vivem pouco porque já chegam no mundo preparados para amar. Nós precisamos de mais tempo para aprender.

Ele tem razão. O amor de Becky conosco era incondicional. E somos muito gratos a ela pelas lições de amor.

Externo nossa gratidão também pela lição que nos deu, ao nos preparar para sua morte. Limitada e frágil, nos últimos dias Becky já não demonstrava vigor nem alegria, suas principais características. Era o tempo de morrer.  Era o direito dela.

Becky nos deixa um pouco da paz que demonstrava em seu rosto, já inerte. Vive agora nos giros de nossas boas memórias. 

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Posted by Jair Raso 0 comentários »