Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

Contato

Alameda da Serra 400 / 404 - Nova Lima - MG (31)3264-9590 • (31) 3264-9387 jrasomd@yahoo.com.br

Dezembro, mês do otimismo

 


 

Final de dezembro é tempo para balanços e renovação do otimismo. Se o ano foi muito ruim espera-se um próximo ano bem melhor. Se, ao contrário o ano foi bom espera-se que a onda de bonança prospere ainda mais.

Em relação à pandemia há razões para sermos otimistas.

Em dezembro de 2020 o mundo contava com 81 milhões de contaminados e 1.800.000 mortes pela Covid-19. No Brasil, eram mais 7 milhões e casos, com 1200 mortos por dia, totalizando na época 193.000 mortes pela doença. A vacina, que começou a ser aplicada nos Estados Unidos, ainda não estava disponível aqui.

Celebramos a passagem do ano desejando um novo ano melhor. E de fato, foi.

No final de janeiro de 21 começou a vacinação em todo país. A pandemia seguia seu curso forte, com aumento do número de casos e de mortes. Os hospitais lotados, adaptando áreas e pessoal para dar conta do número de doentes com Covid-19. A mortalidade diária só aumentava, atingindo o pico em março, com 3467 mortes ao dia.

À medida que a cobertura vacinal progredia, os números foram gradualmente caindo.

A promessa da ciência estava sendo cumprida: a vacina estava vencendo o coronavírus.

Chegamos a dezembro de 21 com 154 mortes ao dia. Apesar do número acumulado de 619000 mortes e um total de 22 milhões de casos, a doença estava controlada em todo país.

Nos hospitais, a partir do segundo semestre os leitos destinados ao tratamento dos infectados pelo corona foram sendo progressivamente desativados. Chegamos em dezembro com funcionamento praticamente normalizado.

Com mais de 70% da população vacinada em dezembro de 21 temos lastro para sermos otimistas com o novo ano que chega.

Brindemos: saúde!

 

 

 

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Sem Fé ou Confiança

 


...todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No geral. Isso é que é a salvação-da-alma... Muita religião, seu Moço!

Guimarães Rosa

 

Entre tantos descalabros nesta pandemia um dos que mais me impressiona é a realização de festas clandestinas, organizadas e frequentadas por jovens. Sem máscaras, aglomerados, saboreiam seus drinks enquanto o jogo de luz se encarrega de cegá-los para os números crescentes de vítimas da Covid.  O som alto os ensurdece aos apelos da maior parte da sociedade que segue as recomendações das autoridades na esperança de não se contaminar.

O que celebram não sei, mas fica claro que perderam a confiança nos discursos das autoridades médicas, contaminados por interferências políticas.

Vivemos o tempo do achismo e, ao contrário do que disse Le Breton, a palavra do especialista já não é mais evangelho para o leigo, que a desdenha com festas.

O baile sem máscaras parece uma dança de insanos em torno da fogueira da morte.

A epígrafe de Guimarães Rosa talvez nos ajude a compreender esse comportamento, no mínimo imprudente, principalmente quando o lemos sob a perspectiva da história.

Tucídides, considerado um dos pais da ciência histórica por sua imparcialidade, narra em seu livro, História da Guerra do Peloponeso, pormenores da peste que atacou Atenas em 430 aC.

 Além de descrever os sintomas e a alta mortalidade da peste, Tucídides relata o comportamento das pessoas que tornaram-se “menos inibidas na indulgência de prazeres” e, como resultado, haviam decidido “buscar satisfação rápida e prazerosa, reconhecendo que nem a vida nem a saúde iriam durar muito”. A nova honra e o novo valor para os atenienses passaram a ser o prazer imediato. Não os inibiam o medo dos deuses, muito menos as leis humanas. É como se já se sentissem condenados à uma sentença de morte, de modo que o melhor seria “buscar alguma diversão na vida, antes da queda”.

Creio que um sentimento desses deve passar na cabeça de cada um daqueles que pagam ingressos para participar dessas festas.

Em defesa dos atenienses, pelo menos podemos dizer que eles estavam em meio a uma guerra quando foram assolados por um mal inédito, de causa desconhecida, que não selecionava vítimas e contra o qual não havia tratamento.

Não sabemos tudo sobre a Covid-19, mas temos um corpo de informações suficientes para nortear nosso comportamento, essencial para nos livrarmos da pandemia. Entretanto, a pletora de desinformação entorpece a razão e alimenta a angústia.

Nem mesmo a fé é capaz de aplacar o sofrimento. Também pudera, a religiões andam apartadas de sua missão original. Vivem hoje no discurso de políticos vulgares e disputa cargos no governo e bancadas no parlamento.

A pandemia desvelou um mundo de gente carente de fé genuína e de confiança no conhecimento. São pessoas desnorteadas que, ignorando o caminho da igreja ou da academia, foram   dançar no baile da insensatez.

 

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Adeus Menino

 

A morte de meu tio, o professor doutor Pedro Raso, mobilizou em mim uma mistura de tempos: o tempo de sentir e o tempo de refletir.

Por que afinal demorei mais tempo do que de costume para aceitar a morte dele? Seria natural que não fosse assim. Afinal, estava mais que anunciada a morte de um velho homem que carregava uma mente brilhante em corpo pouco sadio.

Havia muito a celebrar sobre sua vida profissional. Dr. Pedro Raso era catedrático de anatomia patológica, discípulo de Luigi Bogliolo. Foi um professor e pesquisador dedicado, querido por seus alunos. Tal era sua inquietude intelectual que, aos 90 anos, driblando as mazelas de uma degeneração da retina, se debruçou sobre publicações a respeito das manifestações patológicas da Covid-19. Falava com entusiasmo sobre os achados de necropsias realizadas em Milão, que alertavam sobre as alterações vasculares causadas pela infecção. Um mês antes de morrer, participou de uma live organizada pelo Departamento de Anatomia Patológica da USP, onde discorreu sobre sua grande paixão: as manifestações hepáticas da esquistossomose. Também participava ativamente das reuniões semanais, por zoom, da Academia Mineira de Medicina, instituição que ele tanto admirava.

Em torno do tio Pedrinho, como o chamávamos, gravitava uma família amorosa e dedicada. Suas idas e vindas ao hospital serviram de lição para seus netos médicos, Leo e João Pedro. Eles cuidaram do avô com misto adequado de carinho e profissionalismo. Receberam dele uma última lição memorável: como aceitar a morte com serenidade.

Tio Pedrinho fazia hemodiálise três vezes por semana, tratava um diabetes de difícil controle e convivia com doença pulmonar crônica. Ao se infectar pela Covid-19, manifestou seu desejo de não ser intubado, caso fosse necessário. Infelizmente, seria necessário. Ao invés de ser transferido para o CTI, tio Pedrinho pediu a visita de um padre. Católico, queria uma última oração. Não seria fácil conseguir um Padre que fosse ao hospital, justamente na ala isolada para pacientes com Covid. Por fim, a boa alma de um diácono, Dr. Cid Sérgio Ferreira, fez toda a diferença. Esteve ao lado do tio Pedrinho e compartilhou com ele seus últimos momentos de fé. Já prestes a ser sedado, sob uma máscara de oxigênio, tio Pedrinho pediu ao seu filho Eduardo uma caneta e escreveu: “estou em paz”.

E de fato, esteve em paz nos dois últimos dias de sua vida. Morreu tranquilo, sem sofrimento aparente, próximo à data em que completaria 91 anos de vida.

Distanciado um pouco no tempo, eu diria que foi uma morte bonita. Tio Pedrinho teve sabedoria para preparar todos nós, que o amávamos tanto, para esta inevitável despedida.

Então, por que minha dificuldade para aceitar sua morte?

Em seu livro de memórias, O menino que jantava manga, tio Pedrinho narrou o crescimento da criança esperta, que driblava a fome vespertina no quintal de sua casa, ao pé da mangueira. Sem ressentimentos e com orgulho, descreveu sua passagem de uma vida de restrições na infância para uma carreira de sucesso como professor na Medicina.

Para mim, tio Pedrinho nunca deixou de ser aquele menino que jantava manga. Seus olhos brilhavam diante das dificuldades, que eram transformadas em desafios. Era sério e brincalhão e sempre teve um amor contagiante pela vida.

Guardo com carinho e gratidão as lições exemplares que me passou como tio querido, professor na faculdade e padrinho na Academia Mineira de Medicina. Tio Pedrinho cresceu na profissão e na vida chegando à velhice sem nunca deixar de ser criança.

Entendo agora porque foi tão difícil para mim dar adeus a esse espírito de menino.

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A morte da editora

 


 

Há muitos anos recebi de uma cliente um e-mail com o seguinte título “proposta indecorosa”. Ela, editora profissional, tecia comentários sobre as crônicas que eu publicava mensalmente em meu blog e oferecia uma parceria:  faria a revisão das crônicas e eu divulgaria sua empresa, a Ophicina  Arte & Prosa. A proposta nada tinha de indecorosa. Era, na verdade, um grande presente para mim.

Assim começamos uma bela parceria que resultou em centenas de crônicas e três livros meus editados por Rachel Kopit e sua Ophicina: A caneta que mata; Saúde, Vida Longa e Morte Súbita e O dia em que a música acabou.  Também participou da construção do último livro Trilogia de Uma Pandemia, uma coletânea de textos sobre a Covid-19, de autores diversos, organizado por mim e Andrea, minha mulher, e lançado este mês.

Para nossa tristeza, Rachel sofreu um acidente em sua casa e morreu por complicações de um traumatismo craniano.  

Rachel Kopit amava sua profissão e era orgulhosa com seus produtos editoriais. Mantinha a mente e o coração abertos para seu trabalho conosco, aprendizes de escritores.

Mais que sua revisão, sempre rigorosa, eu ficava ávido por ouvir ou ler seus comentários sobre minhas crônicas e, claro, sobre os livros que publicamos.

Sua morte me deixa um vazio enorme. De repente, ficou difícil escrever.

Minha tristeza é maior por ter perdido a amiga, mas quero me debruçar sobre a tristeza de perder a editora. Afinal, nossa história começou com a ameaça à essa profissão que ela tanta amava.

Em 2002, eu a operei de um tumor localizado numa região do crânio que colocava em risco, dentre outros, a motilidade ocular, essencial para seu ofício. Felizmente o procedimento foi bem-sucedido e ela pode dar continuidade à sua brilhante carreira como revisora, editora e tradutora. Com sua autorização, mostrei em diversas aulas seus belos olhos azuis quando queria ensinar um grande preceito ético de nossa profissão médica: primum non nocere.

Karl Ove Knausgard, escritor norueguês, disse que sem seu editor, ele não seria escritor. O artigo dele (Até lá onde a narrativa não chega, Revista Piauí, fevereiro 2021), que li há pouco mais de um mês, lançou luz sobre minha relação, enquanto escritor, com Rachel.

Sempre a considerei generosa, porque assim ela sempre foi.  Mas bem mais que isso, o que Rachel me transmitia era confiança. Um dia, ela confiou em mim, como seu médico. Depois disso, ela fez consolidar em mim a confiança para escrever. Seus comentários, críticas e sugestões passaram a fazer parte natural da minha maneira de escrever.  

Desde sua morte, no último dia 25, minha narrativa ficou manca. Difícil não era escrever sobre ela, mas escrever sem a presença dela em minha escrita.

Finalmente hoje, 30 de maio, criei coragem e me debrucei sobre a importância de Rachel na minha vida de escritor. Para saber o ano de seu nascimento, consultei o prontuário eletrônico de meu consultório e, para minha surpresa, descobri que, justamente hoje, ela estaria completando 69 anos.

Em dias de aniversário a gente pensa em presentes.  Penso que Rachel Kopit foi um presente em minha vida, que guardarei para sempre com muita gratidão.

 

 

 


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A última cortina

 


 

A última cortina

 

Domingo, 18/4/21: dois meses após completar 90 anos, Wilma Henriques, uma das maiores atrizes do país, deixou o espetáculo que foi sua vida. A cortina não mais será aberta para que ela receba os aplausos que tanto merece. Morreu tranquila, num lar para idosos, sem sofrimento, sozinha, sem plateia.

Nada de Covid, nada de doença grave. A morte dela foi natural.  

O Governo Estadual autorizou a liberação do Palácio das Artes para que o corpo fosse velado. Certamente, Wilma seria homenageada por seus colegas de classe. Entretanto, devido aos protocolos de distanciamento, necessários em tempos de covid, não houve velório.   

Wilma foi enterrada no cemitério do Bonfim, junto à sua família: o pai Jadir, a mãe Esmeralda e a irmã Geisa.  Éramos dez presentes para o último ato: uma oração feita por um pastor da Igreja Messiânica, da qual ela fazia parte, um pequeno discurso e aplausos. Saía de cena para sempre a dama do teatro mineiro.

Para o consolo de todos, Wilma Henriques foi homenageada no dia de seu aniversário:15 de fevereiro. A classe artística, capitaneada pela presidente do Sindicato, Magdalena Rodrigues, compareceu em peso e a live com o depoimento de vários deles e a participação de Wilma aconteceu no teatro Feluma. Também devido à covid, no palco duas, três pessoas. Wilma de longe, no Lar Viver Melhor, ao lado de Carluty Ferreira. Os depoimentos de seus companheiros de ofício e as reações de Wilma foram emocionantes.  Ao final da homenagem foi reapresentado o programa Ribalta, sobre a carreira de Wilma, dirigido por Papoula Bicalho para a Rede Minas.

Wilma queria muito este encontro e ficou muito feliz com sua realização. Gravou uma mensagem de agradecimento que foi publicada no grupo de WhatsApp criado para a homenagem.

Para Carluty Ferreira, ela teria dito pouco depois: “meu pai já foi, minha irmã já foi, minha mãe já foi. O que eu estou fazendo aqui? ”. Fosse há dois anos, eu responderia: você está fazendo teatro.

Agora não mais. Em sua última apresentação, em julho de 2019, na peça Espelho, escrita por mim e dirigida por Magdalena Rodrigues, percebemos que Wilma tinha atingido seu limite físico e cognitivo.

Se eu fosse o grande diretor deste espetáculo que se chama vida, eu faria Wilma morrer assim: no palco, ao final de uma apresentação teatral para seus colegas e fãs.

Pensando bem, foi o que aconteceu, mas em momentos separados pelo tempo, mas não pela emoção e significados.

Foi uma vida dedicada ao teatro, sua grande paixão. Na fala de seu último personagem, que não por acaso se chama Vida, ao som de La Vie en Rose, sua música predileta, ela recita:

“Eu queria cantar uma canção de amor.
            Do meu amor pelo teatro, porque o teatro foi o grande amor da minha      vida. 
            Ele me toma em seus braços, e me fala baixinho:

Sua vida é cor-de-rosa
            Ele é tudo pra mim e eu sempre fui toda dele. 
            E assim, nós dois, trocando juras de amor
            numa noite que nunca acaba
            Somos um só coração que bate feliz
            Feliz até morrer”

Cai o pano. Mas o brilho da estrela ficará sempre vivo em nossas memórias.

 

 



 revisão:

Rachel Kopit 
Ophicina de Arte & Prosa

www.ophicinadearteprosa-kopit.blogspot.com  


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A dança do vírus

 

Uma coisa aprendemos, após conviver um ano com a pandemia: o vírus dança conforme a música.

Se a música estiver no seu headphone, na calada de seu quarto, sem companhia, o vírus não dança.

Ele adora aquela música alegre, onde todos juntos roçamos os corpos, ou quase isso. Também lhe agrada a música suave das ondas do mar, desde que esteja banhando uma multidão ávida por espaço. Ou a música de fundo, numa festa de família para celebrar alguma data. Aí o vírus não só dança, mas deita e rola.

A passagem do ano, como se esperava, não levou embora a pandemia. Mesmo com a promessa de vacinação por aqui, e o início da imunização em alguns países, o cenário ainda era muito ruim.

Em Belo Horizonte, o prefeito fechou a cidade mais uma vez. Duas semanas depois, os números estabilizaram. Ao fim do mês, nova abertura. A chegada da vacina foi celebrada como o início do fim da pandemia.

O cancelamento do Carnaval não impediu que as pessoas viajassem pelo país. Afinal, após um ano de isolamento, que mal haveria de ter uma viagem para algum lugar?

O resultado está sendo colhido agora, duas semanas após o feriado. Os números da pandemia voltaram a crescer.

No país, vergonhosamente, morrem mais de 1000 pessoas por dia, e o governo não conseguiu driblar a dificuldade de adquirir vacinas prontas ou insumos para sua produção.

O resultado é que nossa vacinação está lenta. Temos infraestrutura para vacinar pelo menos de 3 a 5 milhões de pessoas por dia, mas este tem sido o número de um mês de vacinação.  Desde o início, em meados de janeiro, foram vacinados no Brasil apenas 5 milhões de pessoas. Em Minas, 540 000 doses já foram aplicadas. Há muito caminho pela frente.

Levando-se em conta a velocidade da vacinação e a habilidade deste governo, o fim da pandemia entre nós ainda está longe. 

Mais do que nunca, é preciso não baixar a guarda, mantendo os cuidados de higiene, como o uso de álcool em gel e de máscara. E evitar aglomerações e festas, a música que o vírus gosta.

 

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 revisão:

Rachel Kopit 
Ophicina de Arte & Prosa

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Asfixia

 


Falar em asfixia em plena floresta amazônica pode parecer profecia de apocalipse, última estação da humanidade e sua desvairada agressão ao meio ambiente.

Mas não. É assunto de hoje mesmo. Em Manaus, devido ao colapso do sistema de saúde, provocado pela pandemia, pacientes estão morrendo por falta de oxigênio. Oxigênio medicinal, é bom esclarecer.

Em meio à controvérsia sobre como tratar a infecção por coronavirus, uma coisa é indisputável: todos os pacientes graves necessitam de aporte de oxigênio, seja por catéter ou máscara nasal, seja por intubação endotraqueal.

Por um somatório macabro de descaso com o isolamento social, retorno precoce das aulas, relaxamento das medidas higiênicas como o uso de máscara, falta de planejamento das autoridades de saúde e políticos em geral, Manaus é hoje a capital do horror. Pessoas morrem asfixiadas, sem chances de sobreviver à infecção pelo Covid-19.

Para piorar a situação, tão logo recebeu pedido de socorro, o ministério da Saúde respondeu que enviaria para Manaus kits de cloroquina e ivermectina.

Não precisaria nenhuma outra atitude para escancarar a incompetência e descaso do ministério com a saúde dos brasileiros. Cloroquina, ivermectina e outras panaceias podem aguardar a insensatez humana. A falta de oxigênio mata em minutos.

Some-se a isso o fato de que, em Manaus, o uso indiscriminado do coquetel dos desvairados não protegeu a população. Pouco importa se tomaram cloroquina antes, no início, no meio ou ao fim dos sintomas. O retrato da crueldade com a população está estampado nas manchetes de todo e qualquer jornal. A falsa sensação de tratamento e prevenção levou o sistema de saúde ao colapso, que poderia ter sido evitado.

O que Manaus precisa é de uma mobilização nacional, coordenada pelo governo, para que não falte oxigênio ou respiradores. Há estados em que a pandemia está arrefecida, como Rio Grande do Sul. E toda a ajuda, como aquela vinda da Venezuela, é bem-vinda.

Com o início da vacinação, Manaus deveria receber prioridade máxima. O Ministério da Saúde preferiu não reinventar a roda. Usou a mesma logística da vacinação prévia, distribuindo vacinas para todo o Brasil.

Não há, como se pode perceber, uma força tarefa inteligente para combater a pandemia em nosso país.

Só nos resta torcer para que as vacinas cheguem logo. Temos um programa de vacinação eficaz e rápido e podemos dar os primeiros passos para virarmos esta página triste de nossa história. E voltarmos a respirar livremente.

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