Atuação

• Coordenador do Serviço de Neurocirurgia e Neurologia do Hospital Unimed BH • Neurocirurgião do Biocor Instituto, Belo Horizonte, MG Membro Titular da Academia Mineira de Medicina • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia • Membro do Congresso of Neurological Surgeons • Mestrado e Doutorado em Cirurgia pela UFMG

Especialidades

• Malformação • Artério Venosa • Aneurisma Cerebral • Cirurgia de Bypass • Revascularização Cerebral • Cirurgia de Carótida • Tumores Cerebrais • Descompressão Neurovascular • Doença de Moya-Moya Tumores da Base do Crânio Doppler Transcraniano

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Medicina: Evidência ou Indiferença?

Segundo Le Breton, “a palavra do especialista é evangelho para os leigos”. Daí a importância da opinião médica que faz diagnóstico, pede exames e prescreve tratamentos.
Em que se baseiam os médicos para realizar seu trabalho? Hoje, mais do que em qualquer outra época, a Medicina requer para si o status de ciência, e o estado atual desta arte científica chama-se Medicina baseada em evidência.
Desde sua proposição, em 1992 no prestigioso periódico Journal of American Medical Association (JAMA), a medicina baseada em evidência (MBE) tem se tornado verdadeiro mantra, falado e repetido a quatro cantos pelos profissionais de saúde.
A MBE procurar evitar a intuição e a experiência clínica sem sistematização e tem como pilar sólido as evidências das pesquisas clínicas. Os ensaios clínicos randomizados são a vedete da MBE.
A prática desta nova Medicina exige que o médico não apenas pesquise a literatura especializada, mas que tenha capacidade para analisar, de modo crítico, as publicações.
A simples opinião médica, antes evangelho para os leigos, é considerada pela MBE o grau mais rasteiro de evidência. No topo da pirâmide, está a análise sistemática dos ensaios randomizados.

Mas a MBE tem limitações. Para início de conversa, a maioria dos ensaios clínicos randomizados são realizados na América e na Europa ocidental. Seus achados e conclusões podem ser estendidos para o mundo em desenvolvimento?
Para responder a essa pergunta, basta citar algumas características da experiência clínica em países menos desenvolvidos: Geralmente as doenças têm apresentação tardia, pela dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, com consequente diagnóstico tardio; a prática da automedicação é avassaladora; o encaminhamento para serviços de referência é difícil; o controle de infecção é menor, se comparado aos centros desenvolvidos; o seguimento dos pacientes é precário; o paciente tem dificuldade de manter o tratamento proposto, muitas vezes, por limitações econômicas.
Nenhuma dessas características é levada em conta em nenhum dos ensaios clínicos randomizados. Assim, o mantra da MBE pode até ser falado e repetido pelos médicos de países em desenvolvimentos, mas sua aplicação prática é bem mais limitada.
Em nosso meio, os médicos, de um modo geral, gastam a maior parte de seu tempo em atividade, devido à baixa remuneração dos serviços prestados, o que exige elevada carga horária de trabalho.  Dedicam menos horas ao estudo e à atualização, que tem de caber dentro de seu orçamento.
Mais do que isso, a implementação da MBE na maioria das instituições em que trabalham assim como sua aceitação pelas operadoras de plano de saúde, são difíceis, e a incorporação de novas tecnologias é muito lenta ou simplesmente inviável.
Assim, mesmo que tenha conhecimentos suficientes para a prática da Medicina baseada em evidência, as condições de trabalho do médico em país em desenvolvimento o levam à prática da medicina baseada na indiferença.

Dr. Jair L. Raso

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